Você já ouviu falar do Manequinho? Não? Então eu vou contar para vocês quem foi este menino. Manequinho ganhou esse apelido quando tinha três meses de idade, depois não deu mais para mudar era Manequinho para lá, Manequinho para cá e pegou, mas o seu nome verdadeiro era Oduvaldo.
Manequinho era um garoto muito interessante, conquistava a simpatia de todos. Era de origem humilde, mas não dava bolas para isso. Era feliz com seu shortinho remendado por sua mãe, a camiseta que pertencera ao seu irmão mais velho, e por aí. Manequinho sempre olhava para o céu e dizia: Papai do céu, eu sou muito feliz. Faz todas as crianças felizes também!
Nisso ele vivia. Brincava com uma bola rasgada, pois sua mãe não tinha dinheiro para comprar uma nova, mas Manequinho queria saber se jogava. Queria uma bola nova sim, mas enquanto não vinha, aquela era ótima, pois era sua.
Assim a vida transcorria naturalmente. Manequinho certo dia encontrou-se com uma senhora muito simpática bem vestida que se engraçou dele e perguntou: Como é seu nome garoto?
Meu nome é Manequinho.
Que nome mais bonitinho! Quantos anos você tem?
Acho que quase nove, não sei direito.
Você estuda? Não. Mamãe não pode comprar livros. Mas eu sei que um dia vou estudar e vou ser doutor. Não sei como, mas tem uma coisa aqui dentro de mim que me diz, que um dia vou ser doutor. A senhora acredita?
Acredito sim meu filho, você é um garoto esperto e inteligente, sei que vai conseguir. Na cabeça de Manequinho passou um monte de coisas do tipo: Aparelhos, saúde e remédios. Sei lá era uma coisa que se misturava lhe dizendo que um dia conseguiria ser doutor como pensava.
Aquela senhora saiu muito pensativa. Despediu-se de Manequinho e desapareceu. Manequinho continuou no seu jogo de bola com os seus coleguinhas. O fato foi esquecido por ele. Outro dia aquela senhora voltou e ele ficou muito contente porque ela se dirigiu a ele com um presente não sabia bem o que era, estava em uma caixa quadrada. Abriu. Era uma linda bola. Manequinho quase caiu de tanto susto. Era exatamente uma bola como ele imaginara. Quase nem acreditou. Foi uma festa. Abandonou mais que depressa a antiga bola toda suja e ainda furada. Criou alma nova, aquela linda bola não era só para ele, era para todos os meninos que com ele brincava no meio da rua. E foram dias de glória.
Manequinho esperou novamente àquela senhora boa conforme ele, mas a dama não mais voltou.
Um dia quando estava no meio da rua, apareceu uma moça que lhe era desconhecida. Era uma moça jovem alegre e bonita, e perguntou no meio da garotada: Quem é o Manequinho de vocês?
Imediatamente ele se apresentou, sou eu tia, por quê? Bem, você é um garoto muito esperto, não é mesmo?
É o seguinte: Mamãe foi convidada para ir para o céu, mas antes me pediu que viesse aqui falar com sua mãe para que eu termine de lhe criar, é claro que vamos dar também uma morada melhor para os seus pais. Mas gostaria de que você fosse morar comigo. Lá em casa há outras duas crianças, e assim formaremos outra família junto com você. Creio que será muito importante para todos nós. Verdade disse Manequinho?
Verdade sim meu querido. Mamãe me disse que você quer ser doutor?
É, eu vou ser,não sei como, mas eu vou curar e salvar as pessoas.
Manequinho, você que vai estudar para ser doutor?
Então, você quer vir comigo quando eu falar com sua mãe?
Seus olhos brilhavam, Manequinho não sabia exatamente o que se passava em sua cabeça naquele momento. Não pensou em roupas, nem tão pouco em brinquedos, mas pensou sendo um médico, todo de branco ajudando as pessoas... E nesse turbilhão de idéias a sua cabeça ficou a mil por hora.
A jovem Diana lhe perguntou onde morava e Manequinho levou-a até o seu casebre. Nada de conforto, chão aterrado. Móveis? Uns quebrados. Comida? Muito pouca e ainda precisava dividir com o restante da família.
Diana educadamente passou a expor os fatos para a mãe de Manequinho. Aquela jovem não ia somente amparar o garoto, mas também a sua família. E tudo ficou acertado. Diana cuidaria de uma morada mais digna para Manequinho juntamente com seus pais. O levaria não em definitivo para não tirar do seu convívio. Assim ajudaria toda família, pois tinha condições financeiras para tal.
Manequinho nunca mais foi o mesmo. Começou os estudos com dedicação, só tirava notas boas. Aprendeu a ler e a escrever e assim foi cursando as etapas de educação até o vestibular. Era um jovem muito educado, atencioso e nada exigente. Tudo que fazia era estudar. Brincava claro, mas na mira da formatura de doutor o que aconteceu. Foi uma formatura brilhante. Manequinho era o centro da turma, pacato, ciente do seu papel de médico salvador de vidas ele concluiu a faculdade tão sonhada desde criança.
Diana estava profundamente feliz e seus pais também. Foi uma linda festa.
Manequinho começou a clinicar, e onde colocava a sua mão de médico trazia a vida. Exercia o seu mandado profissional com muito afinco. Doava se a pobreza. Ninguém ficava sem atendimento. Foi à coisa mais linda que lhe aconteceu. A todo o momento ele agradecia a Deus por ter lhe mandado os seus anjos para que cuidasse de sua educação na terra. Foi muito feliz, sempre colocando a família que lhe amparou em lugar de destaque.
Manequinho cumpriu o seu dever de médico renomado e até hoje em sua cidade se fala desse garoto feliz e corajoso que um dia encontrou alguém que acreditou que ele seria um plantador de sementes de luz em todos os terrenos daqueles que o procurasse. E assim termina a história de Manequinho.
Onde será que ele está hoje? Acho que perto de todos os anjos e querubins do céu, porque somente fez o bem na terra como médico e como criatura humana.
Luiz Sérgio
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